Estamos num momento onde muitas pessoas estão passando por diversos conflitos.

São tempos difíceis, de pandemia, de quarentena, e, uma das coisas que fiquei pensando enquanto mediadora de conflitos: quais são dicas para que possamos contornar esses conflitos.

Não acredito que a melhor maneira de lidar com conflitos é evitando-os, o conflito sempre mostra algo que precisa ser visto e que não está sendo reconhecido. Portanto, uma das coisas para que tenhamos uma vida mais harmônica neste período de quarentena e por toda a vida, é conseguir admitir quando o conflito está presente.

Uma vez que o conflito está admitido, somos levados a olhar para o nosso impulso de querer brigar, se posicionar, discordar; sentindo esse impulso conseguimos entender a natureza do conflito. Dessa maneira conseguimos enxergar qual é o nosso lugar de dor ou de incômodo na questão.

Enquanto dica, pensei em algo fácil para fazer e utilizar: quando o conflito se instaura, é porquê as partes estão com algum afeto que nem sempre consegue ser elaborado no momento. Na prática, você sente aquele desconforto, mas não consegue dar uma declaração assertiva e precisa sobre ele.

Veja bem, se você está na iminência de um conflito, primeiro você sente um desconforto, um estranhamento, e, algumas vezes, você pode não saber ainda exatamente o que está de fato de incomodando, qual o conteúdo que está sendo acionado ali para buscar uma maneira de lidar com aquilo. Nem sempre o conteúdo fica claro; estamos falando de emoção, de algo que está te afetando, e você pode não ter a destreza de conseguir ler direito aquilo que tanto te afeta.

Por outro lado, você pode até ter a destreza de ler um afeto, uma carga emocional, porém, naquele dia você está cansado, exaurido do trabalho, desgastado já emocionalmente com outras situações, pode estar carente, estressado, diversas coisas que te tiram a oportunidade de ter uma elaboração mais rápida a respeito daquilo que te incomoda.

Se você é a pessoa que não consegue elaborar quando num conflito, é muito legal quando a outra parte consegue ter uma sensibilidade de não se deixar levar pela sua afetação e perceber o ser humano do outro lado, que existem limitações, e que, por mais inteligentes emocionalmente que sejamos, alguns dias, estamos com menos potência nessa área.

Ter um tempo de elaboração, um olhar num segundo momento, com mais calma e compreensão funciona. Não partir logo para a briga; escolher suas batalhas, pois a tendência é algo pequeno estourar e gerar um desgaste ainda maior, um desperdício de energia ainda maior.

Esse tempo de elaboração, por parte de quem sente o incômodo, e, a generosidade que a outra parte pode ter, se possível, de nos dar esse tempo para elaborar, desenvolve um respeito e as coisas funcionam de maneira mais harmônica e por vezes acolhedora.

Pratique a escuta ativa, que é um santo remédio. Quando a gente consegue verdadeiramente ouvir o outro, as coisas tendem ao equilíbrio.